Poemas -> Dedicatória : 

O Velho Rosto do Poeta de Sempre

 
para Ferreira Gullar

é no enfrentamento
nascido à luz do não-dito
o nascer do poema
que invento
e antes foi só intento
fortuito

(um mito)

mito pairando
sobre a sala
entre o tantas vezes dito

e que não se repara
sob a repetida
fala

— sempre a fala a fala a fala

é o sumo do pensamento
retirado pela caneta
(agulha de Orfeu)
o sangue desse momento
à correr em tinta preta

(ou azul ou vermelha
mais vermelha
que o próprio sangue)

do qual – demiúrgo –
torna o pensamento
estanque

e dele escreve um novo mito
(outro possível)
à luz do primeiro instante

(a caricatura dos que vieram antes)

até ser moldado
no esforço
— soco a soco
o esboço —

um novo rosto
para aquilo

a ser chamado
de estilo

 
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luscaluiz
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