
Dom Quixote
Data 21/07/2025 08:10:32 | Tópico: Poemas
| A noite avança e eu insisto: Escrevo poemas que nunca alcançarão os teus olhos Choro lágrimas que nunca secarão nas tuas mãos. No silêncio, sou um livro fechado Um nome ecoa dentro de mim:
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Adormeço e desperto na órbita do teu pensar Guardo, como relíquias, retratos e pinturas de amores que jamais seremos, retratos de histórias que não escreveremos juntos
Na minha mente, és meu Dom Quixote perdido, e eu, tua Dulcinéia invisível No nosso enredo sem Sancho, sem dragões, sem moinhos, há somente a urgência de sermos um do outro e a escolha de não sermos de mais ninguém
No nosso enredo, beijamos cicatrizes que nunca tocaremos. Nos salvamos das dores que nunca partilharemos. Na nossa história de papel e vento, eu sou, e tu, és. És sem medo, sem escudo, sem chão. E nós... somos
Mas nunca, nunca seremos
E, nunca lerás este poema, nunca adentrarás a porta desse abrigo frágil. E no soluço rouco e mudo de mim para mim mesma, repito: nunca seremos.
E, nunca lerás este poema, nunca ouvirás minha voz na tua madrugada, nunca tropeçaremos nas esquinas da cidade Nunca seremos, verdadeiramente, um do outro, embora eu já seja tão tua E vc, nada meu
Não és digno do que trago nos confins de mim mesma
Ainda assim, escrevo poemas, Poemas que nunca lerás.
Então, por favor, se não vens, não faças de mim teu lugar de descanso. Deixa-me partir, que eu te deixo ir também.
Não leias nunca este poema.
.....
Eu pensei que era você
Mas não é.
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