ENTRE O QUE SABE E O QUE SE SENTE

Data 29/07/2025 23:49:43 | Tópico: Poemas

Nasce o ser humano sem nome
com os olhos cheios de mundo
antes mesmo de entender a luz

Tudo é vasto, tudo é possível
o vento na pele parece uma linguagem
escrita como versos, no sentir

A inocência não é ignorância
é confiança no colo que embala
na palavra que não se entende mas acolhe
na promessa do dia seguinte

Mas aos poucos as perguntas brotam
e os porquês sopram como o vento

Porque é que o tempo corre?
Porque há silêncio onde antes havia voz?
Porque é que o céu muda sem nos pedir licença?

Crescer é duvidar
e duvidar é uma forma de amar mais fundo

Questionar o sentido das coisas
é tentar tocá-las por dentro
esventrar suas origens

Há dias em que a dúvida pesa como pedra
e outros em que ela flutua como uma folha na água
curiosa, leve, sem pressa de resposta

E talvez a beleza do ser humano esteja nisso
entre um gesto puro e um pensamento turvo
que segue o seu caminho, errando
sempre à procura de algo
que nem sabe nomear.

Mário Margaride


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=379564