Ventre Aceso

Data 05/08/2025 19:51:35 | Tópico: Poemas

Arranquei o sumo com os dentes,
mas quem pariu a sede fui eu.

Disseram:
tens quadris para a criação...
Criei filhos.
E abismos.

Sou filha de um ventre
que não soube fechar.
Sou mãe do que me devora por dentro.

Me dei em oferenda antes do fogo.
Dancei nua
pra escrever meu nome
em fumaça e silêncio.

Carrego uma lua entre as pernas,
e sangro estrelas mortas.

Não apaziguei.
Soprei
vento antigo,
garganta aberta,
em estilhaço.

Fêmea de fuligem,
feitiço
e presságio.


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