Poemas : 

Ventre Aceso

 
Arranquei o sumo com os dentes,
mas quem pariu a sede fui eu.

Disseram:
tens quadris para a criação...
Criei filhos.
E abismos.

Sou filha de um ventre
que não soube fechar.
Sou mãe do que me devora por dentro.

Me dei em oferenda antes do fogo.
Dancei nua
pra escrever meu nome
em fumaça e silêncio.

Carrego uma lua entre as pernas,
e sangro estrelas mortas.

Não apaziguei.
Soprei
vento antigo,
garganta aberta,
em estilhaço.

Fêmea de fuligem,
feitiço
e presságio.

 
Autor
Aline Lima
 
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Enviado por Tópico
Alemtagus
Publicado: 06/08/2025 09:44  Atualizado: 06/08/2025 09:44
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 Re: Ventre Aceso p/ Aline Lima
A fúria que sai das palavras, sem destino definido, a não ser a própria autora, queima com a subtiliza das águas cristalinas do oceano que vagueiam no seu olhar ondulante. A descrição deste ser é quase mitológica, revela uma peregrinação dolorosa e simetricamente amável, suave. São muitas as cores pintadas de negro, mas com um brilho ímpar.