SÍSIFO (QUADRAS)

Data 09/08/2025 15:33:05 | Tópico: Poemas

Pobre vida em uma tela
Vista de dentro da cela
Podre prisão, uma aula
Que sela janela na jaula.

O humano se contenta
No rito que alimenta
Todo dia, se corrompe
E o ciclo nunca rompe.

Repete, e traça o mapa
Becos que nunca escapa
Igual ontem, a cada dia,
Inventa no vício alegria.

Mundo é medo, espanta
O ócio, desafia, encanta
Mas tudo é simples, fácil
Doce ao tornar-se dócil.

Dia passa, tempo breve
Quebra a grade, atreve
Busca leve a descoberta
O despertar não liberta.

Onde a certeza é prisão
Onde liberdade é ilusão.
Poucos curam tal ferida
Viciados escolhem vida.

Alguns furando a retina
Desligam própria rotina
Até a formiga estranha
Emaranhada artimanha

O cinza fúnebre acalma
Furtando cores da alma
Destino escuro sem vela
E no caixão, a vida vela.

Presentes corpos ausentes
Fantasmas fluorescentes
Existem mas não vivem
Respiram, não convivem.

Nascem os mortos online
Zumbis, prazos, deadline
Mas um dia a tela quebra
Alguém acorda e celebra.


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=379764