Poemas : 

[T/C]ELA (QUADRAS)

 
 
Pobre a vida em uma tela
Pintada de dentro da cela
Podre prisão, é uma aula
Que sela janela na jaula

O humano se contenta
Com o rito que alimenta
Todo dia, se corrompe
Ciclo que nunca rompe

Repete assim, traça o mapa
Dos becos que nunca escapa
Igual o ontem, a cada dia,
Inventa no vício alegria

O mundo é medo, espanta
E o ócio, desafia, encanta
Mas tudo é simples, fácil
Doce quem se torna dócil

Dia passa, tempo breve
Quebra a grade, se atreve
Busca leve a descoberta
O despertar não liberta.

Alguns furando a retina
Desligam própria rotina
Sua certeza é prisão
Sua liberdade é ilusão

Até a formiga estranha
Emaranhada artimanha
Poucos curam tal ferida
Viciados escolhem vida

O cinza fúnebre tem calma
Furtando as cores da alma
Destino é escuro sem vela
E no caixão, a vida vela.

Presentes corpos ausentes
Fantasmas fluorescentes
Existem mas não vivem
Respiram mas não convivem

Nascem os mortos online
Zumbis de prazos, deadline
Mas um dia a tela quebra
Alguém acorda e celebra.


Souza Cruz

 
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