Badalos e balidos

Data 13/08/2025 06:20:52 | Tópico: Poemas

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Sinto sempre as amarras
Cabos que me puxam
Enquanto tento correr
Fugir das cabras que dão leite
Sair do celeiro onde dorme o burrico
Passar entre a roupa branca
Estendida e pendurada
Ao sol a sul
Onde se estendem também os cães
Que não se penduram
Sinto sempre as amarras

Como as ovelhas por tosquiar
Que me cercam e me cobrem caminho
Com um ruído que já não posso
O badalo e o balido

Fujo

Fujo da desesperança

Da última descrença final
De que já não sou daqui
Da falta de pertença
De quem me diz fica e vai, alternadamente
De quem me beija para me morder
De quem me toca para que me queime
De quem me puxa as amarras

De quem me empurra para o poço
De quem me aperta o pescoço
E diz que me ama













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