Do ninho da alma, sem saber voar

Data 09/09/2025 13:48:49 | Tópico: Sonetos

Do ninho da alma, sem saber voar,
Um pobre coração caiu ao mar.
Bateu as asas, conseguiu boiar,
Ainda me olhou antes de se afundar.

Feriu-me o remorso e fui mergulhar,
Furei um cardume sem respirar,
Lá o vi depois de muito nadar,
Num banco de coral a estrebuchar.

Abri o peito para o meu tirar,
Disse-lhe Está quedo, vou-to trocar,
Morto o meu, contigo ainda posso amar…

Ele esperançava e eu pus-me a chorar,
O tempo desdenhou, pôs-se a passar,
Fez-se a troca, mas ficámos sem ar.

09 de Setembro de 2010



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=380369