Do ninho da alma, sem saber voar,
Um pobre coração caiu ao mar.
Bateu as asas, conseguiu boiar,
Ainda me olhou antes de se afundar.
Feriu-me o remorso e fui mergulhar,
Furei um cardume sem respirar,
Lá o vi depois de muito nadar,
Num banco de coral a estrebuchar.
Abri o peito para o meu tirar,
Disse-lhe Está quedo, vou-to trocar,
Morto o meu, contigo ainda posso amar…
Ele esperançava e eu pus-me a chorar,
O tempo desdenhou, pôs-se a passar,
Fez-se a troca, mas ficámos sem ar.
09 de Setembro de 2010