
Cada gole de café
Data 27/09/2025 16:42:30 | Tópico: Poemas
| Quero evoluir. Quero me aproximar dos loucos Que falam nos muros, nas passarelas, Nas celas de uma prisão, Utilizando tintas ou o que tiverem em mãos. Deixam lá sua expressão, Seu espírito, seu coração… Expõem o presente. Tocam sem moeda de troca. Tocam no presente, Tocam o barco, seguem Sem lançar os olhos para trás ou para frente. Tocam no presente, Sem nada saber, mas sabendo que é gente. Esses loucos desde as cavernas Sabem que pode se sustentar nas próprias pernas. Quero me aproximar dos loucos. Na literatura dessas criaturas a Terra é redonda. Quero a minha prancha nessa onda, Não na lama da Terra plana. Quero me aproximar dos loucos Que gritam nos muros, Que veem uma tela em celas invisíveis. O louco consegue desfrutar do que faz, Sem precisar de algo mais. Quero me aproximar dos loucos. Quero essa vibração. Isso não é ser indiferente à aprovação, à apreciação… Não, não é isso não! É apenas não escravizar o coração. Encanta-me as vozes dos poetas de banheiro. Encanta-me os passos do seu João Oleiro, Que ganhava a vida com telhas e tijolos. Mas dizia que vivia quando fazia o que não vendia, Quando tirava do barro pássaros, vaso e pessoas, Que eram os filhos que ele não teve. Uma voz me diz que o amor mora longe dessas loucuras. O amor! Quem desenhou a face do amor? Que fantasia deram para ele? Quem disse que ele precisa de caracterização? Quem pode duvidar do amor de seu João Pelo que faz, pela paz E pelo que lhe satisfaz? Eu não sei pra onde vai meu coração. Mas quero estar com os pés no chão, Quero estar na minha mão, Quero estar onde eu estiver E saborear cada gole de café.
|
|