
Óbolos
Data 03/10/2025 14:58:26 | Tópico: Poemas
| I Enquanto vou encontrando resquícios Do tempo que eu estava um tanto insano Percebo, pouco a pouco, que os vícios Cobravam de mim, óbolos em anos.
II O siso concorda, sem dano aparente, Com quem mente e ressente, em desatino; Na mente que cansa, no olhar que consente, Ecoa o rastro de um riso mofino.
III Muros escuros se erguem na lembrança, Picadeiro onde a vida me devora; Do ventre do dia renasce a esperança, E no zênite o pranto ainda chora.
IV A brisa da noite acaricia a rosa, Nascida sem jardim, em chão vazio; Na hora violenta, na dor silenciosa, O vento é canto no deserto frio.
V Chove lá fora em tamboril ardente, Essências da China em delírios voam; Teatros mambembes desfilam na mente, Palhaços e versos no circo ressoam.
VI Não sei se sou riso, se choro perdido, Se hoje sou mar, amanhã desvario; Se sou feito de ferro, desperto ungido: Deixei uma porta no ócio e no... Cio!
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