Um gesto curto numa sombra ausente

Data 06/10/2025 07:30:49 | Tópico: Sonetos

Um gesto curto numa sombra ausente,
Dois passos estalados numa sala,
Um relógio exausto que se cala,
Tudo num odor a morte recente.

Olho o espelho que não me faz presente,
Deixei por aí a alma e cá vim buscá-la,
Refulge o sol na cápsula da bala,
Lançada ao chão como úbere semente.

Levantada a janela guilhotina,
Sobre o invisível pescoço assomado,
Quão magnífica a vista contemplada…

Ali, onde nenhuma flor se inclina,
Dizem estar um corpo sepultado,
Foi por fim a minha última morada.

21 de Março de 2011



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