Um gesto curto numa sombra ausente,
Dois passos estalados numa sala,
Um relógio exausto que se cala,
Tudo num odor a morte recente.
Olho o espelho que não me faz presente,
Deixei por aí a alma e cá vim buscá-la,
Refulge o sol na cápsula da bala,
Lançada ao chão como úbere semente.
Levantada a janela guilhotina,
Sobre o invisível pescoço assomado,
Quão magnífica a vista contemplada…
Ali, onde nenhuma flor se inclina,
Dizem estar um corpo sepultado,
Foi por fim a minha última morada.
21 de Março de 2011