
Sobre Cáceres, MT
Data 06/10/2025 12:49:02 | Tópico: Poemas -> Dedicatória
| I Antes que o tempo bordasse os contornos da terra, O sol já repousava sobre o espelho das águas, E o rio — esse velho Paraguai de alma serena Cantava segredos às margens sagradas. Foi então que as vozes indígenas Ergueram aldeias ao sopro do vento, Onde o verde do mato e o ouro da tarde Se encontravam em puro encantamento. Veio o missionário, com cruz e esperança, Trazendo o verbo, a fé e a lembrança. Nasceu Cáceres, entre o sonho e o barro, Um relicário erguido do amor e do trabalho. II Oh Cáceres! Princesinha coroada de brisa, Que o Paraguai embala como mãe que acaricia. Teus casarões, de janelas azuis e saudades, Guardam histórias de antigas vontades. Das tropas e das canoas, ergueu-se o destino, Entre o sino da Matriz e o canto do menino. Tuas ruas são veias de um coração antigo, Onde o passado caminha ao lado do amigo. És rainha das águas, dos peixes e das festas, Dos carnavais de rua e procissões modestas. Em teu céu brilham memórias de outrora, Onde o tempo repousa e o povo comemora. III Teus filhos são feitos de sonhos e coragem, Lavradores da alma, poetas da paisagem. Cantam modas de viola, dançam cururu e siriri, E ao toque do tambor, o sagrado volta a florir. No cais em fins de tarde, o vento traz lembranças, Das boiadas, das promessas e das andanças. Cada pedra da praça tem uma linda história, Cada esquina respira uma bela memória. O povo de Cáceres é rio que não se cala, É fé que não morre, é luz que embala. No calor do sertão, na sombra do ipê, Há um sonho guardado, pronto para renascer. IV E no coração da cidade, entre versos e auroras, Surge um nome que o tempo não devora: Natalino Ferreira Mendes, trovador do Pantanal, Cuja pena é rio, anhuma, lavadeiras e festival. Em suas rimas, Cáceres ganha corpo e voz, A cidade se faz gente, e o povo, um todo em nós. Ele escreveu o perfume da tarde que declina, E a alma sertaneja que o destino ilumina. Oh poeta das águas, guardião da beleza, Tua poesia é flor que desafia a dureza. Por isso, a cidade canta mais alto e sorri, Porque há o eco da alma cacerense em ti. V Hoje, Cáceres continua — entre ontem e agora, Tecendo esperanças que o tempo decora. Suas escolas, seus barcos, seu povo gentil, São sementes da história no solo do Brasil. E o Paraguai, velho rio enamorado, Beija-lhe as margens com cuidado. Pois sabe que a Princesinha jamais morrerá, Enquanto a poesia de Natalino ecoar. Que este canto permaneça, nas margens do luar, Como reza, memória e verbo a navegar. Pois quem bebe da fonte cacerense do saber Volta sempre, renascido, e vê a cidade renascer. Salve Cáceres, Princesinha do Rio Paraguai! Parabéns pelos seus 247 anos! Poema: Odair José, Poeta Cacerense Dedicado, também, ao saudoso poeta cacerense, Natalino Ferreira Mendes www.odairpoetacacerense.blogspot.com
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