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Sobre Cáceres, MT

 
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Sobre Cáceres, MT
 
I
Antes que o tempo bordasse os contornos da terra,
O sol já repousava sobre o espelho das águas,
E o rio — esse velho Paraguai de alma serena
Cantava segredos às margens sagradas.
Foi então que as vozes indígenas
Ergueram aldeias ao sopro do vento,
Onde o verde do mato e o ouro da tarde
Se encontravam em puro encantamento.
Veio o missionário, com cruz e esperança,
Trazendo o verbo, a fé e a lembrança.
Nasceu Cáceres, entre o sonho e o barro,
Um relicário erguido do amor e do trabalho.

II
Oh Cáceres! Princesinha coroada de brisa,
Que o Paraguai embala como mãe que acaricia.
Teus casarões, de janelas azuis e saudades,
Guardam histórias de antigas vontades.
Das tropas e das canoas, ergueu-se o destino,
Entre o sino da Matriz e o canto do menino.
Tuas ruas são veias de um coração antigo,
Onde o passado caminha ao lado do amigo.
És rainha das águas, dos peixes e das festas,
Dos carnavais de rua e procissões modestas.
Em teu céu brilham memórias de outrora,
Onde o tempo repousa e o povo comemora.

III
Teus filhos são feitos de sonhos e coragem,
Lavradores da alma, poetas da paisagem.
Cantam modas de viola, dançam cururu e siriri,
E ao toque do tambor, o sagrado volta a florir.
No cais em fins de tarde, o vento traz lembranças,
Das boiadas, das promessas e das andanças.
Cada pedra da praça tem uma linda história,
Cada esquina respira uma bela memória.
O povo de Cáceres é rio que não se cala,
É fé que não morre, é luz que embala.
No calor do sertão, na sombra do ipê,
Há um sonho guardado, pronto para renascer.

IV
E no coração da cidade, entre versos e auroras,
Surge um nome que o tempo não devora:
Natalino Ferreira Mendes, trovador do Pantanal,
Cuja pena é rio, anhuma, lavadeiras e festival.
Em suas rimas, Cáceres ganha corpo e voz,
A cidade se faz gente, e o povo, um todo em nós.
Ele escreveu o perfume da tarde que declina,
E a alma sertaneja que o destino ilumina.
Oh poeta das águas, guardião da beleza,
Tua poesia é flor que desafia a dureza.
Por isso, a cidade canta mais alto e sorri,
Porque há o eco da alma cacerense em ti.

V
Hoje, Cáceres continua — entre ontem e agora,
Tecendo esperanças que o tempo decora.
Suas escolas, seus barcos, seu povo gentil,
São sementes da história no solo do Brasil.
E o Paraguai, velho rio enamorado,
Beija-lhe as margens com cuidado.
Pois sabe que a Princesinha jamais morrerá,
Enquanto a poesia de Natalino ecoar.
Que este canto permaneça, nas margens do luar,
Como reza, memória e verbo a navegar.
Pois quem bebe da fonte cacerense do saber
Volta sempre, renascido, e vê a cidade renascer.

Salve Cáceres, Princesinha do Rio Paraguai!
Parabéns pelos seus 247 anos!


Poema: Odair José, Poeta Cacerense
Dedicado, também, ao saudoso poeta cacerense, Natalino Ferreira Mendes

www.odairpoetacacerense.blogspot.com

Instagram
@poetacacerense
 
Autor
Odairjsilva
 
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