O poeta sem horário nem jorna

Data 07/10/2025 10:27:45 | Tópico: Sonetos

O poeta sem horário nem jorna,
Trabalha ou faz greve se lhe aprouver,
Escraviza-se ao malho da bigorna,
Ao coração e à alma, sua mulher.

Um pingo que dos olhos lá se entorna,
Ou um suspiro que de si lhe vier,
Fundem-se e dão-lhe uma estranheza morna,
Que o aconchega se ele assim quiser.

Porque o espaço é circular, não se oculta,
Tanto dá e ama como fere e insulta,
Nada faz por esconder o que o anima…

Nenhum trivial sentimento o exulta,
Há quem não o cultive, eu faço-o em rima;
Dos homens banais o poeta está acima.

31 de Março de 2011



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=380863