Por dentro, eu te devoro

Data 11/10/2025 11:48:43 | Tópico: Poemas -> Paixão

Teus sinais me confundem,
Da cabeça aos pés sou labirinto,
Errando entre o sim e o talvez
Que dançam na curva do teu silêncio.

Teu olhar é uma pergunta sem língua,
Tua boca um presságio de incêndio.
E eu, que nunca soube decifrar o amor,
Aprendi a ler tua pele em braile de vertigem.

Cada gesto teu me atravessa,
Me deixa sem norte, sem nome.
Mas há em mim uma fome antiga,
E tu és o banquete
Que não se oferece — apenas se devora.

Sou fera disfarçada de ternura,
Bebo-te em goles lentos e desajeitados,
Como quem tenta conter o infinito
Numa respiração só.

Por dentro, eu te devoro.
E nesse ato silencioso e febril,
Não sei mais se te amo
Ou se apenas me alimento daquilo que és.

Pois teus sinais, confusos e sagrados,
São o mapa do meu desassossego,
E eu sigo, tonto, faminto,
Até o fundo do teu mistério.

Poema: Odair José, Poeta Cacerense
www.odairpoetacacerense.blogspot.com

Instagram
@poetacacerense



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=380931