Teus sinais me confundem,
Da cabeça aos pés sou labirinto,
Errando entre o sim e o talvez
Que dançam na curva do teu silêncio.
Teu olhar é uma pergunta sem língua,
Tua boca um presságio de incêndio.
E eu, que nunca soube decifrar o amor,
Aprendi a ler tua pele em braile de vertigem.
Cada gesto teu me atravessa,
Me deixa sem norte, sem nome.
Mas há em mim uma fome antiga,
E tu és o banquete
Que não se oferece — apenas se devora.
Sou fera disfarçada de ternura,
Bebo-te em goles lentos e desajeitados,
Como quem tenta conter o infinito
Numa respiração só.
Por dentro, eu te devoro.
E nesse ato silencioso e febril,
Não sei mais se te amo
Ou se apenas me alimento daquilo que és.
Pois teus sinais, confusos e sagrados,
São o mapa do meu desassossego,
E eu sigo, tonto, faminto,
Até o fundo do teu mistério.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense