
Renasço Depois da Dor
Data 15/10/2025 04:09:19 | Tópico: Poemas
| Uma dor de dente tem remédio. Uma dor de cabeça também. Pra cólica, basta o tempo, um chá, um descanso, e logo passa.
Mas e a dor do amor? Qual remédio cura o que o coração sente? Será o tempo? Será a rotina que empurra a gente pra frente, ou as novas pessoas que surgem, como distrações bonitas, tentando costurar o rasgo que ficou?
Dizem que passa. Mas ninguém conta o tempo exato. Dias, meses… Ou talvez nunca.
Porque no meio do nada, a gente sente. No meio do nada, a lembrança vem — sem pedir licença, sem hora marcada.
É um perfume que atravessa a rua, uma música antiga tocando ao acaso, uma risada que parece aquela. E o peito aperta. Não é mais amor, mas também não é ausência. É o eco de algo que foi, e que ainda mora quietinho dentro da gente.
A dor do amor é diferente. Não tem cura, tem ciclo. Primeiro fere, depois ensina, e por fim, transforma.
É dor que faz a gente se olhar por dentro, reaprender o próprio nome, reconhecer que o amor também acaba — mas o sentir, não. O sentir continua, em outro tom, em outra forma, em outro corpo que um dia chega e acalma.
Porque o amor é raiz, e raiz não morre, mesmo quando o jardim seca. Ela fica ali, escondida, esperando o tempo certo pra florir de novo.
E quando floresce, já não é mais o mesmo amor, nem a mesma dor. É um amor que nasceu da cicatriz, mais calmo, mais maduro, mais meu.
Então, sim… a dor do amor tem remédio. O nome dele é renascimento. E eu renasço — toda vez que escolho continuar, mesmo sentindo.
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