Excesso

Data 16/10/2025 12:59:35 | Tópico: Poemas



Há dias em que o corpo
não cabe em si.
Estica-se
dobra-se
mas continua a sobrar.

A pele guarda
o que não foi nomeado
como se cada poro
fosse uma sílaba retida.

O toque pesa.
O gesto falha.
O corpo quer ser abrigo
mas é ruína.

Aprendi a respirar
como quem tenta conter
um mar dentro de um copo.

Há memórias que se alojam
nos ossos
a saudade esconde-se
na curvatura dos ombros.

E por fim
quando tudo se reduz a um tremor
sei que o corpo não é limite.

É excesso.
Excesso de desejo
de dor
do invisível que molda o que somos.







Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=381010