Há dias em que o corpo
não cabe em si.
Estica-se
dobra-se
mas continua a sobrar.
A pele guarda
o que não foi nomeado
como se cada poro
fosse uma sílaba retida.
O toque pesa.
O gesto falha.
O corpo quer ser abrigo
mas é ruína.
Aprendi a respirar
como quem tenta conter
um mar dentro de um copo.
Há memórias que se alojam
nos ossos
a saudade esconde-se
na curvatura dos ombros.
E por fim
quando tudo se reduz a um tremor
sei que o corpo não é limite.
É excesso.
Excesso de desejo
de dor
do invisível que molda o que somos.