
Desvio
Data 23/10/2025 15:15:55 | Tópico: Poemas
| O olhar desviado estava. As flores caíam, mortas Das galhas velhas, tortas, Setas caídas de aljavas.
Parecia que ao chão perfurava, Trazendo lembranças esquecidas, Reabrindo as antigas feridas De um tempo de águas paradas.
Nenhum luminar no horizonte Ausência de eflúvios nas rosas Entre o Hades e Aurora Sorriso infernal de Caronte.
Eu caminhava entre as sombras, Pisava crânios nos escombros, Da natureza que assombra A Fênix de mim entre monstros
Entre ministros e mistérios Dentro das almas reclusas Vivida em dois hemisfério Das mais cruéis criaturas.
Tudo parecia suspenso. O tempo estava parado. E dentro do imenso silêncio , Um vulto surgia de fato .
Vindes a mim, seres patéticos! Sejais o martelo e o cajado Deste momento não raro Dos meus martírios poéticos!
Vinde, ó seres! Me chama! Habitais o sopro e o verbo, Dai-me o fardo e o Inferno Que o destino aos poetas proclama!
Sede a centelha que inflama, O eco que em mim reverbera, A voz que em sombras impera Quando o silêncio me chama.
Que eu seja a vossa esperança O arauto do tempo moderno A dor que ao acaso se lança Epígrafe em cemitério!
Vindes, ó sombras do eterno, Musas do fogo e da dor! Tragai-me o sopro etéreo Raiz arrancada da flor.
Dai-me o fardo e a sentença, O dom e o castigo juntos; Que eu cante entre os defuntos A glória da minha presença.
Pois no abismo me ergo No suplício não me desespero. O Hades é o meu desejo E o verso? O túmulo que quero!
|
|