
Corpo em Ruína, Amor em Fogo
Data 25/10/2025 14:01:04 | Tópico: Poemas -> Amor
| Te sinto tão perto que chego a sangrar, como se cada respiração fosse lâmina. Teu olhar perfura minha alma nua, teu silêncio rasga minha pele por dentro.
Amamos e nos despedaçamos ao mesmo tempo, cada abraço negado é martelo no meu peito, cada gesto teu é faca que gira, lenta e precisa, cada palavra tua é ácido queimando veias.
Estou preso a ti, como cão acorrentado, mas tu és vento, imaterial e cruel. Não posso tocar, não posso possuir, mas cada célula minha te sente e te implora.
Meu coração é trincheira de dores repetidas, onde prazer e tormento coexistem, onde desejo se mistura à destruição, onde amar é sangrar mil vezes sem fim.
E ainda assim, meu apego me corrói: te quero inteiro, ainda que me fendas, te quero mesmo que me dilacere, te quero mesmo que eu morra um pouco a cada olhar.
Amar-te é suicídio cotidiano, um amor que corta, que consome, que destrói. E, mesmo assim, sou prisioneiro desse veneno, porque um amor de mil facadas não escolhe coração — ele o devora.
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