Pela porta entreaberta, sorrateiro

Data 18/11/2025 10:57:53 | Tópico: Sonetos

Pela porta entreaberta, sorrateiro,
Invadindo o que não tenho de espaço,
Um raio feito por nenhum compasso,
Meus pés pisou e me tomou inteiro.

Sem cor, nem gosto, afago nem cheiro,
Afastaste-te já de mim um passo,
Queres tu, pois, saber se me desfaço,
Na tua indiferença de coveiro?

Na tua sombra veio a pandemia,
A dor, o luto, a fome, a doce azia,
Dar uma facada na humanidade.

E tu, raio, minúsculo e inseguro,
Escapaste pela fenda do muro,
Deixando-me com a minha saudade.

26 de Abril de 2020



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=381522