
ENTRE A GUERRA E O SOSSEGO
Data 27/12/2025 18:44:54 | Tópico: Poemas
| Somos feras de porcelana erguendo bandeiras de paz com mãos que ainda tremem do peso das armas
Dizemos “nunca mais” mas afiamos promessas no frio do metal
Celebramos tratados com taças erguidas enquanto no fundo dos olhos arde a centelha antiga do medo
Falamos de pontes mas traçamos fronteiras com a pressa de quem teme ser compreendido
Inventamos discursos suaves gravamos hinos de união mas deixamos que a poeira das trincheiras se instale nos cantos da memória não para aprender mas para justificar o próximo desvario
Somos contraditórios por natureza queremos a paz que não sabemos sustentar a guerra que fingimos não desejar o futuro que adiamos entre uma conferência e um silêncio cúmplice
E assim caminhamos tropeçando entre ideais e instintos entre o abraço e o punho cerrado tateando no escuro por uma verdade que talvez nunca caiba inteira em nós
No fim, resta-nos a pergunta que ecoa na poeira do mundo como guardar a paz se ainda não aprendemos a desarmar o coração?
Mário Margaride 24-12-2025
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