Poemas : 

ENTRE A GUERRA E O SOSSEGO

 

Somos feras de porcelana
erguendo bandeiras de paz com mãos
que ainda tremem do peso das armas

Dizemos “nunca mais”
mas afiamos promessas no frio do metal

Celebramos tratados com taças erguidas
enquanto no fundo dos olhos
arde a centelha antiga do medo

Falamos de pontes
mas traçamos fronteiras com a pressa
de quem teme ser compreendido

Inventamos discursos suaves
gravamos hinos de união
mas deixamos que a poeira das trincheiras
se instale nos cantos da memória
não para aprender
mas para justificar o próximo desvario

Somos contraditórios por natureza
queremos a paz que não sabemos sustentar
a guerra que fingimos não desejar
o futuro que adiamos
entre uma conferência e um silêncio cúmplice

E assim caminhamos
tropeçando entre ideais e instintos
entre o abraço e o punho cerrado
tateando no escuro por uma verdade
que talvez nunca caiba inteira em nós

No fim, resta-nos a pergunta
que ecoa na poeira do mundo
como guardar a paz
se ainda não aprendemos
a desarmar o coração?

Mário Margaride
24-12-2025


Adoro a poesia. E tal como um pássaro, voo nas asas das palavras, no patamar do meu sentir, e das minhas emoções.

 
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MÁRIO52
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