Pedaços de mim

Data 21/02/2007 10:45:10 | Tópico: Mensagens

Não sei se te lembras daquela tarde quente que nos encontramos em palavras… palavras de amor e paixão que faziam de ti o homem mais apetecível… aquele que, naquele preciso momento, desejava para mim… as almas rapidamente se ligaram como se fizessem parte uma da outra… e quem sabe assim seria? Deixei pedaços de mim espalhados em poemas de amor a ti dirigidos… e entregues como quem entrega o coração na palma da mão…
Nunca recusaste, nem a ponta de um dedo … sempre me recebeste de alma e coração deslizando suavemente para dentro do meu peito onde pernoitas dias a fio… e acordas nas madrugadas frias de Outono como sol agitado, dia e noite, sem descanso…
Tuas poesias foram música de um álbum que toca sem parar em meus olhos quando as leio e as sinto como compassos ritmados em meu coração… A paixão juntou-nos por momentos numa tarde em que não nos atiramos nos braços um do outro só porque não estávamos no lugar certo… olhavas para mim e eu em minha mente beijava-te loucamente como nunca beijei ninguém… mas a vida que nos agarra, a outra vida, é forte em razão, mas nunca em sentimentos de verdadeira união, como os que já senti por ti… depois da certeza que eras realmente o pedaço que me faltava desejei-te para além de qualquer mar, qualquer horizonte durante noites e noites de um luar que nunca se apaga… a ilusão passou, a loucura perdeu-se um dia nos teus lábios… o ultimo dia que te encontrei e que guardei a sombra da tua face pela escuridão de um momento onde as minhas lágrimas se dissiparam na chuva que caía… mais um momento errado, mais um pedaço de mim que me roubaste como quem rouba uma alma sem saber… pensei aí que te tinha perdido para sempre, mas o destino assim não o quis… entreguei-te não um pedaço mas o meu corpo, desejei-te e amei-te em pleno devaneio… senti os teus beijos, o teu corpo, o ritmo de um amor desenfreado… louco. As mãos estão trémulas por este amor de palavras sem a plenitude de uma união… a força de continuar é pouca … a vontade muita…
A distância e a razão contribuem para um amor que se vai perdendo e achando nos dias de Inverno…
Será que o que sentimos não é suficiente para um dia, nem que seja só um dia, nos entregarmos um ao outro sem receios, sem medos, sem sentimentos de culpa? Será que se pensarmos que a vida é tão curta não é motivo suficiente para nos oferecermos um ao outro como quem oferece uma rosa… qual será a maior traição a das almas, a do desejo ou a dos corpos? Existem pedaços de mim que te foram entregues, não sei se é tua intenção com o chegar da Primavera os receber como vais receber o aroma das flores, o canto dos pássaros, o calor de uma tarde cheia de sol… e que os unas a ti numa noite de amor… como pássaro entregue ao seu ninho… como palavras escritas que vagueiam á espera de encontrar o poema adequado…mas se sentires que não é essa a estação que pretendes… ou que o que te ofereci já não é o que desejas … então, entrega-me os pedaços de mim que deixei em ti… e fá-los sentir que não te pertencem…


Tália


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