estranho silêncio

Data 13/06/2008 14:54:10 | Tópico: Poemas

este silêncio estranho
a emoldurar meu rosto lívido
num lenço recto e doce de recolhimento
e de ternura
antiga

lento
este trilho solitário, árido e desértico,
onde me encontro e me devolvo
greda
ao próprio vento:
poeira, nuvem de pó sublimada ao infinito.



trespasso
agora portas que se abrem e se fecham
em ritos de passagem
e vejo portais inaugurais
que, pressinto, m’aguardam



desembacio o olhar à tarde inteira,
Cítara de Jacob avisto ao longe
esculpida em pedra lisa e pura
porosa pedra
donde a água esguia
se releva
mais branca, mais mansa,
em plenitude maior de ser alvura

éter o gesto
a mão lavada o toque vacilante
d’afago desmedido ao sol poente
em derribamento de se recortar na orla primitiva.

como gostaria de sarar, meu amigo,
a febre içada
a pele tangida desta mágoa
esta, que se manifesta em chama
quando escrevo e m'inscrevo na força motriz
de um verbo
e tombo, insana, na fuligem parada do tempo

que passa, passa …

introspectiva busco definição de ser
finíssima
flor
exposta aqui, em absoluta oferenda, à anunciada enxurrada.



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