MIRAGENS

Data 28/04/2006 22:46:57 | Tópico: Poemas

MIRAGENS

Sobre esta sombra que confunde o meu espírito, existe uma pedra, onde descansa este verme, onde o triunfo espera que o corpo se canse, para enterrá-lo em seus próprios sonhos.
Desafiando o criador vencem a barreira do som. Interceptam o homem no espaço. E na sua horripilante ganância, fico a ver e esperar, mas nada ouço. Mas posso sentir plenamente as vibrações da fome sobre o planeta terra. Sinto os homens se desfazerem em suas próprias ilusões e sentimentos, aguardando a conscientização de outros homens.
Agarrado nas cordas do ideal escalo esta montanha de sonhos, sou o alpinista da perseverança. Imagino ver do alto, o cenário da felicidade, sem o manto da hipocrisia, onde os homens se confraternizem e se entendam, sem o ódio nascente que encobre a virtude e desfaz o amor, ceifando a liberdade. No olho por olho, no dente por dente alicerçam-se a inconsciência dos terríveis; a prepotência dos iníquos; o arbítrio dos inexoráveis e implacáveis homens, que subindo ao poder se mistura ao cruel poder e forças das armas. Nessa visão, só resta-me entristecer. Ao ampliar o meu horizonte, somente aumenta a minha dor. O mundo se perverteu, desconhecendo a razão e firmando-se no abuso do poder. E muitas são as mãos que se postam implorando misericórdia, no desespero da fome, no suplício da solidão e no martírio da incompreensão. Acabaram-se todas as minhas forças. Caio por terra. Mas na lembrança perpetuará a imagem que vi: pois nos países do ouro e das tecnologias, morrem-se a míngua, enquanto cães nos foguetes, de milhões de dólares, conhece o espaço, crianças famintas na terra imploram, por um pedaço pão.



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