NÃO TENHO MEDO DA MORTE

Data 17/07/2008 19:36:14 | Tópico: Textos -> Tristeza

Não tenho medo da morte
Nem tão pouco de morrer.
Tenho mais medo da vida
Que ela me faz sofrer.

Não conheço o autor.

Vem isto a propósito do poema sobre o que é ou não é a morte, do nosso ilustre poeta, Henrique Pedro, últimamente considerado e a justo titulo, o poeta do mês, a meu ver tardiamente.

Comentei esse poema, falando de mim, do que eu penso e não penso da morte.
A morte, não vos dizer nada de novo, é o fim natural de um ciclo, seja ele animal,vegetal ou outros.
É a única coisa que me consola. Ricos e pobres, ladrões, assassinos, carteiristas, oportunistas opulentos e muita escumalha que anda neste mundo, ninguém escapa e que eu posso considerar a única justiça justa que há neste Mundo.

Mas dizia eu falando de mim, que não tenho medo da morte, mas tenho medo de morrer.
E porquê? simplesmente por amor!
E porquê por amor? Porque amo muito, mas mesmo muito, a minha esposa, os meus filhos
e porque amo também muito a minha cadelinha.
Parece débil, não parece? mas não é!

Não querendo por os animais à frente dos humanos, sou obrigado a reconhecer quanto amor ela me dá.
Enquanto estive hospitalizado, segundo a minha esposa, ela passou os dias à varanda sempre virada para o lado do qual normalmente chego a casa e à noite ia se sentar defronte da porta de entrada à minha espera. Comer... pouco.
Quando regressei do hospital, fora de questão de dormir no seu ninho, mas sim comigo e contra mim.
Tenho a dizer, que ela é muito pequenina.

Depois e falando da minha esposa. Ando a sofrer só a pensar que ela fique sozinha.
Que se irá passar sem mim? terá ela força e coragem para enfrentar todos os problemas que se irão deparar?
Como vai ela suportar o desgosto de me perder? Sei quanto ela me ama. Eu sofro só de pensar.

Financeiramente, enquanto eu por cá andar não temos problemas, vai dando para viver.
Li o relatório do hospital e nada tem de animador, fiquei muito fragilizado e o tempo de vida é uma incógnita e depois ela não terá as mesmas possibilidades financeiras.

Por isso tenho medo de morrer, não tendo medo da morte.

Vou-vos parecer egoísta, com o que vos vou confessar mas não, é amor!
Eu preferia morrer depois dela, saberia assim que ela não sofreria com a minha morte.
Mantenho! Não é egoísmo, é amor.

A. da fonseca







Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=44616