POEMA QUE NÂO SE VÊ

Data 20/07/2008 22:16:11 | Tópico: Poemas -> Introspecção

Anda traiçoeira a poesia
que a mim chega e arredia
da vida que paço e meço…
Confesso que não consigo,
por mais que sinta o desejo,
por mais que fale comigo,
eu sinto-a, mas não a escrevo.

Ao olhar a folha branca,
meus olhos lêem o nada
na mística escrita que sangra
em tom de mudez embalada.
Tropeçando na sombra e na luz
que ainda nunca transpus.

E os meus dedos me doem
de tanto escrever a minha alma
nas folhas que no incerto caem,
na vontade que não se acalma.

Ficam a escorrer segredos,
- Serão fluidos de medos,
da flácida tinta mole?
Que não se move, nem se lê
nas infinitas palavras em rol
do poema que não se vê?

Por tempo ou por medo…
Um outro dia já passou,
um novo está para vir
à espera de outro dia
que ainda não chegou
(nem se sabe se há-de surgir!)




Direitos Reservados



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=45023