corações sem bocas-de-incêndio

Data 23/07/2008 21:58:39 | Tópico: Poemas

O sol bate nas pedreiras como o aniz em teu rosto orvalhado. a densidade cósmica quando tocas os lábios na toalha da tarde adia a greve

imagina o que seria da tempestade sem obstáculos para derrubar. ou corações sem bocas-de-incêndio

como o vinho azeda também as pernas perdem os seus jeitos náuticos. as aves perdem a permissão de repousar nas linhas telefónicas.
a cal para sempre nos bidões.
o mar sempre mais além. a literatura resumida a uma estante de sonetos vazios.

não olhemos as marés como sequestros. as árvores que sonhamos darão um dia ameixas pelos beirais



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