Poemas : 

corações sem bocas-de-incêndio

 
O sol bate nas pedreiras como o aniz em teu rosto orvalhado. a densidade cósmica quando tocas os lábios na toalha da tarde adia a greve

imagina o que seria da tempestade sem obstáculos para derrubar. ou corações sem bocas-de-incêndio

como o vinho azeda também as pernas perdem os seus jeitos náuticos. as aves perdem a permissão de repousar nas linhas telefónicas.
a cal para sempre nos bidões.
o mar sempre mais além. a literatura resumida a uma estante de sonetos vazios.

não olhemos as marés como sequestros. as árvores que sonhamos darão um dia ameixas pelos beirais
 
Autor
flavio silver
 
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Enviado por Tópico
Bruno Sousa Villar
Publicado: 23/07/2008 22:07  Atualizado: 23/07/2008 22:09
Da casa!
Usuário desde: 09/03/2007
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Mensagens: 429
 Re: corações sem bocas-de-incêndio
Apetecia-me acentuar o meu deslumbramento face a estes corações com um palavrão cardíaco de admiração,mas não posso.Que poeta és,(escolher palavrão mais terno)!

Deveras,rapaz,está um colosso!


Enviado por Tópico
Ledalge
Publicado: 23/07/2008 22:10  Atualizado: 23/07/2008 22:10
Colaborador
Usuário desde: 24/07/2007
Localidade: BRASIL
Mensagens: 6868
 Re: corações sem bocas-de-incêndio
SILVER, DESSA SELETA TODA DE PROFUNDA POESIA, SEM NENHUMA PRETENSÃO DE ME ESTENDER, DIRIA: UM DIA EM MINHA VIDA LI A PERFEIÇÃO!





Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 23/07/2008 22:41  Atualizado: 23/07/2008 22:42
 Re: corações sem bocas-de-incêndio
Flavio silver é um sacerdote do surrealismo mais inconformista. Ainda que o surrealismo se não esgote no bizarro, no enigmático, ou no contraditório, certo é que a música das palavras a bater umas de encontro às outras e as ideias a fugir apavoradas garantem por si, força poética e carga estética.Mas haverá sempre uma certa coerência, quiçá mensagens ocultas que ponham ordem no caos.Abraço

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 23/07/2008 22:58  Atualizado: 23/07/2008 22:58
 Re: corações sem bocas-de-incêndio
Que hei-de dizer? O Flávio resume tudo de uma forma tão directa e realista que, a nós, resta-nos aplaudir.
Gostei muito, beijinho

Enviado por Tópico
Carolina
Publicado: 23/07/2008 23:49  Atualizado: 23/07/2008 23:49
Membro de honra
Usuário desde: 04/07/2007
Localidade: Porto
Mensagens: 3422
 Re: corações sem bocas-de-incêndio
Pois, gosto do teu texto e da greve adiada,
não vale a pena.

beijo

Enviado por Tópico
JSL
Publicado: 23/07/2008 23:55  Atualizado: 23/07/2008 23:55
Membro de honra
Usuário desde: 10/05/2007
Localidade: Minho
Mensagens: 681
 Re: corações sem bocas-de-incêndio
Que eloquente!

"não olhemos as marés como sequestros. as árvores que sonhamos darão um dia ameixas pelos beirais"

Não basta escrever tanto sobre as árvores é preciso amar a floresta porque pelo andar da carruagem vão nascer beirais nas ameixoeiras da utopia.

e a cal resta sempre nos bidões.

Que nunca chegue o dia em que os frutos dos sequestros sejam beirais.

Sabes o que QUERO dizer não sabes?

Um dia irá viajar pelo universo fora uma frase como um feixe de luz com uma enigmática expressão:

Eram tantos os poetas na Terra que secaram as florestas de tanto livro publicarem. Não souberam ultrapassar-se e tornarem-se fingidores.

Há quem diga: deuses.

Restam-nos os fios telefónicos para repousar, se bem que o mais importante será sempre VOAR.

Enviado por Tópico
Luna Ribeiro
Publicado: 24/07/2008 09:41  Atualizado: 24/07/2008 09:41
Participativo
Usuário desde: 24/12/2007
Localidade:
Mensagens: 17
 Re: corações sem bocas-de-incêndio
Bom dia Poeta!..Expressão da boca tal qual borda de um vulcão, magia, incendios e erupção..rsr..
Lindo demais..Parabéns!Bjs

Enviado por Tópico
Tália
Publicado: 26/07/2008 12:02  Atualizado: 26/07/2008 12:02
Colaborador
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Localidade: Lisboa
Mensagens: 2489
 Re: corações sem bocas-de-incêndio
Soberbo!

(existem técnicas que não deixam o vinho azedar )

beijos

Enviado por Tópico
Margarete
Publicado: 31/07/2008 20:06  Atualizado: 31/07/2008 20:06
Colaborador
Usuário desde: 10/02/2007
Localidade: braga.
Mensagens: 1199
 corações sem bocas-de-incêndio para o flávio
olha flávio carago.
uma pessoa vem aqui ler-te e sai daqui a sentir-se o pior escritor do mundo.
tu és mesmo bom pá e sem mais nem ontem nem me deixas tempo para respirar.