A minha chuva sem dono

Data 08/03/2007 19:59:58 | Tópico: Poemas

Os um, dois, três, quatro, cinco dedos da minha mão
abriram-se para evitar que a chuva caísse no chão.
Não o conseguiram, por falta de capacidade
e disseram-me, molhados, que eram poucos e finos,
que tal tarefa exigia outra habilidade.
Abri os outros um, dois, três, quatro e cinco
e lancei-os, em jeito de ajuda, à labuta dos primeiros...
oh desilusão! De nada serviu! Os pingos sorrateiros
Molhavam e fugiam para fora das palamas das mãos,
escorrendo e pingando sempre para o chão.

Fechei os um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez dedos das minhas mãos e meti-os nos bolsos. Resignado, fiquei só a olhar para o chão molhado pela chuva que caía das nuvens e pela outra que escorria de mim.

Valdevinoxis


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