Poemas : 

A minha chuva sem dono

 
Os um, dois, três, quatro, cinco dedos da minha mão
abriram-se para evitar que a chuva caísse no chão.
Não o conseguiram, por falta de capacidade
e disseram-me, molhados, que eram poucos e finos,
que tal tarefa exigia outra habilidade.
Abri os outros um, dois, três, quatro e cinco
e lancei-os, em jeito de ajuda, à labuta dos primeiros...
oh desilusão! De nada serviu! Os pingos sorrateiros
Molhavam e fugiam para fora das palamas das mãos,
escorrendo e pingando sempre para o chão.

Fechei os um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez dedos das minhas mãos e meti-os nos bolsos. Resignado, fiquei só a olhar para o chão molhado pela chuva que caía das nuvens e pela outra que escorria de mim.

Valdevinoxis


A boa convivência não é uma questão de tolerância.


 
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Valdevinoxis
 
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Enviado por Tópico
Mel de Carvalho
Publicado: 08/03/2007 21:25  Atualizado: 08/03/2007 21:25
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 Re: A minha chuva sem dono
Não meu amigo, a chuva, como as palavras, não tem dono. Mas, eu diria que têm um destino, uma missão: o rejuvenescimento dos terrenos férteis. Sejam eles barro, greda, ou os terrenos da Alma...
A chuva e a palavra lavam-nos a Alma, habitam-nos por dentro... Tentar aprisionar as palavras entre dos dedos resulta uma impossibilidade igual aquela com que te deparaste neste belíssimo texto...

Um abraço d(a)e Mel

Enviado por Tópico
lucibei
Publicado: 08/03/2007 23:00  Atualizado: 08/03/2007 23:00
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 Re: A minha chuva sem dono
Olá!
Gostei sinceramente e era capaz de jurar que durante a leitura que fiz do poema, senti os cabelos escorridos da chuva.
Beijo