Portugal às avessas

Data 30/07/2008 22:05:55 | Tópico: Poemas -> Desilusão

Hoje, enquanto sonhava, descobri que o meu país tinha mudado.
No Minho encontrei longas planícies, ei-la, é ela, a Catarina Eufémia.
E ali, na fronteira de Trás-os-montes, curioso, ficava Grândola,
E mais à frente Cuba, Borba, e sempre ela, a Catarina Eufémia.

E quando descia para o Douro e para as Beiras, encontrei a planície.
Com chaparros, azinheiras e sobreiros,
Porco preto, touros, carroças e medronheiros,
E o mesmo cheiro e a mesma embriaguês da planície.

E cheguei ao Ribatejo montanhoso, escondido, esquecido, medroso.
E em Almeirim, só batatas, nem melões havia;
Os touros tinham emigrado, sofriam de asfixia,
E o campino andava de burro cauteloso.

Coitado do Alentejo, nem migas nem cação;
Azeitonas horríveis, pior o pão.
Pois... que se pode dar em tais penhascos,
Num país revolto até aos cascos.

Só o Algarve estava no lugar;
Já não é Portugal, é estrangeiro;
Que se fartem, que esbanjem todo o dinheiro;
Que lhes vai escorrendo deste pardieiro.



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