Veias de sangue e tinta

Data 14/08/2008 17:51:15 | Tópico: Poemas -> Introspecção

Deambulo por noites de rituais

Construídos no véu da ilusão

Danças nuas de vestes no embalar

Em doce afagar feito perdão

Ao sabor da brisa do mar

Almas endiabradas em agitação!

Com os recontros da existência absurda

Abalroamentos de paradoxos

Máscara de rotina cega e autómata dos dias

Experimentam-se as mãos e soltam-se abraços!

Cruzam-se olhares, recolhem-se aforismos

Em redutos de telepatias consumadas

Pés descalços saltam em liturgias

De hilariantes sorrisos báquicos

Em busca incessante do humano

Contempla-se o sol que vai repousar

E estende-se o braço à lua mãe

Que nos embala o extasiado olhar

Convertido liberdade encantada

Agitando os reflexos prateados do oceano

E as crianças que constroem sereias na areia molhada


E perco-me em rios de espuma

Nas margens do meu corpo

Membros se fazem pincel

Mergulho nas águas suaves

E deixo-me cativar pelas ondas brancas de pureza

Catarses transmutadas em depuração do pretérito

Quero que as montanhas de tinta

Que despejo para a tela se materializem

E me assediem num amplexo

Quero que luas imaginárias

E deusas das profundezas e do luar me visitem

Me embalem e me hipnotizem

Não me asfixiem em técnicas canónicas!

Quero rasgar tecidos

Quero esventrar a terra com as mãos

Quero criar fios de cores em gritos

Executar tranças de árvores

Que me controlam os equívocos!


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