
Madrugada
Data 30/09/2008 07:50:32 | Tópico: Poemas -> Dedicatória
| Madrugada és companheira dos amargurados. És imensa como o vazio que me corrói as entranhas. Estranha, faz-se, a tantos olhos que se perdem em ti Ah, como é triste e reconfortante te acompanhar.
Pulsante, como este que bate em meu peito. Piscante, como os astros que estão a espreito. Única, como este momento que passou. Eterna, como a dizima periódica deste insatisfeito.
Queria eu que pudesses falar Teríamos tanto a conversar Eu, tanto a confessar. Meus medos, meus anseios, certezas tão incertas.
Há em ti um silêncio soberbo Causa medo aos incautos Respeito entendidos este silêncio é como seu colo. Que afaga, propaga, alivia.
É. Caminha ó madrugada. Leva contigo meus pensamentos. Fá-los principio de tuas nuvens imigradas E derrama sobre mim a chuva de tua sabedoria.
Faça com que esta cabeça pare Que este peito aquiete-se Que estes olhos se fechem. Que esta dor abrande.
Faça o que fazes desde que existe Passa. Faz passar. Transmuta. A escuridão em luz. O frio em calor.
É. No fundo somos companheiros. Eu aqui e você ai. Com diferenças: És imensa. Eu, miúdo. És eterna. Eu, passageiro.
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