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Madrugada

 
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Madrugada és companheira dos amargurados.
És imensa como o vazio que me corrói as entranhas.
Estranha, faz-se, a tantos olhos que se perdem em ti
Ah, como é triste e reconfortante te acompanhar.

Pulsante, como este que bate em meu peito.
Piscante, como os astros que estão a espreito.
Única, como este momento que passou.
Eterna, como a dizima periódica deste insatisfeito.

Queria eu que pudesses falar
Teríamos tanto a conversar
Eu, tanto a confessar.
Meus medos, meus anseios, certezas tão incertas.

Há em ti um silêncio soberbo
Causa medo aos incautos
Respeito entendidos
este silêncio é como seu colo.
Que afaga, propaga, alivia.

É. Caminha ó madrugada.
Leva contigo meus pensamentos.
Fá-los principio de tuas nuvens imigradas
E derrama sobre mim a chuva de tua sabedoria.

Faça com que esta cabeça pare
Que este peito aquiete-se
Que estes olhos se fechem.
Que esta dor abrande.

Faça o que fazes desde que existe
Passa. Faz passar. Transmuta.
A escuridão em luz.
O frio em calor.

É. No fundo somos companheiros.
Eu aqui e você ai. Com diferenças:
És imensa. Eu, miúdo.
És eterna. Eu, passageiro.


Oh ego Laevus!

 
Autor
Raul de Oliveira
 
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Enviado por Tópico
GlóriaSalles
Publicado: 30/09/2008 07:57  Atualizado: 30/09/2008 07:57
Colaborador
Usuário desde: 28/07/2008
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Mensagens: 2514
 Re: Madrugada
Raul, de fato, no silencio da madrugada tudo vem a tona.
Quanta sensibilidade demonstrada nesse poema. Há uma profunda ternura que conforta e consola e revela um conformismo que não é piegas.
Um dia lindo pra ti poeta.

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