ROGANDO UMA PRAGA

Data 03/10/2008 13:57:06 | Tópico: Sonetos

Rogando uma Praga

Certa manhã, muito perto das oito horas e trinta, quando me dirigia para o local de trabalho, na Rua do Comércio, em Lisboa, ao tentar atravessar a rua de S.Nicolau, na qualidade de peão, com o sinal vermelho aceso, dei uma corridinha... só que em sentido contrário vinha uma senhora fazendo o mesmo. O choque foi-me fatal: caímos os dois. Eu fiquei por baixo e a dita criatura por cima do meu pé esquerdo. ELA levantou-se de imediato e desapareceu á procura do autocarro... eu, fiquei para ali caído no chão com uma fractura que me valeu "baixa " de três meses.

Ao chegar ao hospital, primeiro, e à Companhia de Seguros depois, todos queriam saber a matrícula do carro... ninguém acreditava na minha versão !

Daí a razão de ser da clonagem do Soneto de Camões "Alma minha gentil que te partiste..."

Ai alminha gentil que me partiste
um pé, tão cedo que ninguém viu,
não sei se foste embora, se fugiste...
ou foste para aquela que te pariu.

Se lá no autocarro onde subiste,
memória de mim te vier à mente,
não esqueças que nem toda a gente,
reage da maneira que reagiste.

E se vias que podia aborrecer-te
o estado em que o meu pé ficou,
mais me custaria a mim conhecer-te.

Rogo a Deus que de ti me não livrou
que bem cedinho venha a ver-te
mais partida do que eu agora estou !




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