
SAUDOSA PANTANEIRA
Data 16/10/2008 01:11:19 | Tópico: Poemas -> Dedicatória
| ***SAUDOSA PANTANEIRA***
Em frente ao seu teclado, mui saudosa a pantaneira Relembra o som enrolado, que faz agora a betoneira Chora, chora a saracura, com as canelas mergulhadas E grita: -- Ninguém segura, as minhas pernas molhadas
O gavião caramujeiro, pousado no toco de pau Rastreia com olhar ligeiro, o seu manjar sem igual Cadê a trilha do rio, que serpenteia ao redor Ouço o canto do canário, que ecoa no arredor
O pacu e o bagre pintado, e a coruja buraqueira No barranco encostado, escutam a louca pieira É no verde desta mata, que acompanha o rio É ali que se retrata, a bicharada no cio
E a brisa pantaneira, desta mata imaculada Lá no alto da palmeira, grita, a caturrita chocada E no meio da estrada, vai correndo bem ligeira A bela onça pintada, que sai levantando a poeira
Aporta na ribanceira, a nossa velha chalana Se espalha pela esteira, que parece terra plana Por amor ao pantaneiro, há de ser sempre lembrado O nosso bravio vaqueiro, pelo espinho guasqueado
A parte mais funda do rio, lugar de difícil acesso O vaqueiro em seu desafio, atravessa o progresso Ao relembrar minha infância e o meu sonho embalado Era sempre uma constância, o miar do gato pardo
É tanta coisa bonita, que tem o meu pantanal Desde a onça chita, a gritar no meu quintal Jacaré foge ligeiro, corre pra água encantada Espera o veado campeiro, para dar uma bocada
Tuiuiús empoleirados, em grandes ninhos gentis Feitos de galhos quebrados e parecem tão sutis Um sol de causar inveja, à vitória régia beijando E o orvalho esbraveja e fica nela pingando
O tear era perfeito, das aranhas caranguejeiras Que pegam logo de jeito, os manjares bem ligeiras O canto da saparia, o assovio dos bugios Eram mais que gritaria, do que berro de bravios
A lesma mui vagarosa e a serpente encantada Em sua prosa gosmosa, olham chorosa boiada E os cantos dos cardeais, só poesias mais nada Pelos ventos outonais esperando a invernada
E o papagaio faceiro, repetia bem ou mal O nome da bicharada, do meu lindo pantanal Calça de couro e laço, botas cavalo e cão Desse vaqueiro eu faço, o herói do meu sertão
Ao longe escuto o berrante, que acalma e consola Apenas por um instante, o esperar que nos assola E assim chega festeiro, de uma vida alvissareira E cante logo violeiro, a sua viagem estradeira
E a morena cor de mel, que espera ao pé do fogão Com o coração á tropel, lhe puxa firme na mão Retirando-lhe a perneira, o cinto e o facão Oferece-lhe, a farofeira arroz e muito feijão
E Vai chegando o verão, choro eu e o mundo inteiro As terras inundarão..... “Saudades do Pantaneiro!”
***RosaMel***
|
|