2.

Data 23/10/2008 21:32:35 | Tópico: Textos

um dia, não muito longe, fecho os olhos e inclino a cabeça, o rio ao fundo a fugir-me dos pés atados no ramo da árvore. à copa desta sentam-se pardais que me olham ao contrário, presságio da cada vez menos futura morte. ouvem-se as garças levantar voo da outra margem, onde um pescador amanhece o anzol, é domingo. minto. é quarta-feira à noite e esqueci-me de mim. as paredes do tronco da árvore onde pouso estão pintadas de negro, há folhas a cair do corpo. a vinte centímetros do chão morro.
um dia, não muito longe, abro mão de alguns passos e corro árvore abaixo, até morrer ou até o meu coração chover algumas feridas, dessas que não cicatrizam e duram o tempo de estarmos vivos. tenho saudades de ser feliz.




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