Almas despidas

Data 11/11/2008 11:19:43 | Tópico: Prosas Poéticas

Afasto os segundos um do outro, tento encontrar um espaço entre o tempo, um lugar escondido por detrás da porta da vida, onde podemos entrar se soubermos lá chegar. Este caminho secreto, lugar ambiguo onde tudo é perfeito, esconderijo eterno, lugar paradisíaco onde te espero. Descubro-te ao chegar, à minha espera nesse lugar. Princesa da noite escura, de cetim negro vestida, abres-me a porta da minha própria vida.

Sigo teu perfume encantado, feito de estrelas cintilantes, como luzes que o caminho descobrem, como fogo em tua pele ardente. Deixas-me o rasto do tempo, desse tempo que entre momentos suspendi, para vir ver-te aqui. Sinto nos lábio o doce mel, gosto agreste da tua suave pele, sorvo da tua boca o gosto que em minha boca afoga qualquer desgosto. Abraças-me o corpo, aqueces-me em teus braços ardentes de Fénix, acordando nele o teu desejo, tomando-o como sendo o teu.

Ali mesmo entre nós, a chama eterna se acende, sinal de luxúria pendente, que nossa sede liquida num eterno e puro instante, em que o tempo simplesmente se suspende. Parece magia, mas não é, sente-se, cá dentro do peito, no suor da nossa pele, no ofegar premente. Quando tudo o que sentimos nos abraça todos os sentidos explodimos num clarão imenso de loucura que nossos corpos arrasa, deixando despidas as almas, que brilham na noite escura.


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