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 Carta a EpicuroData 24/11/2008 01:03:28 | Tópico: Poemas -> Reflexão
 
 |  | Fugir do prazer e da paixão é utópico. 
 Ser feliz ao aquietar a dor é distópico.
 
 Quero ensinar a Epicuro
 Que a ataraxia é processo de fracos
 Que morrem confinados à sua inexistência.
 
 Quero ensinar a cada homem,
 Discípulo brejeiro e altivo
 Que escrever é não ter medo.
 
 Quero ensinar a cada mulher,
 Que sobre elas pouco sei
 Senão escrever-lhes.
 
 Quero ensinar aos hedonistas
 Que olhem para Epicuro,
 
 E quero ensinar a Epicuro
 Que olhe para os hedonistas,
 
 E se anulem, se encontrem
 Num ponto médio matemáticamente perfeito,
 Algures entre a razão e o prazer
 Está o amor.
 
 Os homens não vão compreender,
 As mulheres vão agradecer,
 Os filósofos vão arder
 Nas chamas do seu extremismo.
 
 Aquele que ouvir a minha palavra
 Vai odiar-me como perigo que espreita.
 
 Aquela que ouvir a minha razão
 Vai ouvir, e abrir a flor que tem,
 E Epicuro perderá a razão,
 Na mais dramática refutação a que já assistiu.
 
 Quem escreve nada tem que temer
 Quando sabe a razão que tem,
 Sabe as contas que faz,
 E no fim de contas refuta com palavras de amor
 O filósofo que nunca as quis ouvir.
 
 
 23 de Novembro de 2008
 
 
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