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Carta a Epicuro

 
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Fugir do prazer e da paixão é utópico.

Ser feliz ao aquietar a dor é distópico.

Quero ensinar a Epicuro
Que a ataraxia é processo de fracos
Que morrem confinados à sua inexistência.

Quero ensinar a cada homem,
Discípulo brejeiro e altivo
Que escrever é não ter medo.

Quero ensinar a cada mulher,
Que sobre elas pouco sei
Senão escrever-lhes.

Quero ensinar aos hedonistas
Que olhem para Epicuro,

E quero ensinar a Epicuro
Que olhe para os hedonistas,

E se anulem, se encontrem
Num ponto médio matemáticamente perfeito,
Algures entre a razão e o prazer
Está o amor.

Os homens não vão compreender,
As mulheres vão agradecer,
Os filósofos vão arder
Nas chamas do seu extremismo.

Aquele que ouvir a minha palavra
Vai odiar-me como perigo que espreita.

Aquela que ouvir a minha razão
Vai ouvir, e abrir a flor que tem,
E Epicuro perderá a razão,
Na mais dramática refutação a que já assistiu.

Quem escreve nada tem que temer
Quando sabe a razão que tem,
Sabe as contas que faz,
E no fim de contas refuta com palavras de amor
O filósofo que nunca as quis ouvir.



23 de Novembro de 2008
 
Autor
AntonioCarvalho
 
Texto
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2019
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