Deixei de acreditar

Data 18/12/2008 17:28:45 | Tópico: Prosas Poéticas

É no azul dos meus olhos que me afundo e me perco, cuspindo palavras amargas e azedas.
Não mais me ouvirás palavras de amor ou carinho, pois há muito deixei de acreditar. As ondas que me embalam são traiçoeiras e pérfidas e o teu sorriso já nada me diz.
Os rios seguem o seu curso natural e a vegetação cresce e tapa-me a alma, que jamais exporei tão abertamente. A escuridão ofusca-me e é nas costas da lua que me deito, isolada de um mundo em que já não vejo luz.
Sou assim, calada e quieta, e profundamente negra. Não entres no meu mundo porque quero estar sozinha e muda. Tenho a porta fechada a cadeado e as janelas com tijolos embutidos, cães soltos em redor, cavalgando e rangendo os dentes a qualquer sílaba intoxicada.
O veneno está preparado e aguarda-me sorridente.



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