Névoa

Data 22/12/2008 18:51:38 | Tópico: Prosas Poéticas

A névoa do dia preenche a atmosfera como se fosse magia, como se quisesse esconder a paisagem em redor. O silêncio da manhã aconchega-se ao meu corpo como gotas de orvalho sobre as pétalas expostas de um malmequer que teima em ficar aberto no Inverno. Caminho, sentindo os pés molhados, as mãos geladas e o olhar perdido entre árvores e arbustos. Sigo sem rumo algum, sabendo que não o faço sozinho, sabendo que a tua essência me segue, como olhar atento que me ofereces.

Ando, rodeado de multidões invisíveis, de gentes desconhecidas, sem rostos. Não tenho medo, por que sei que te trago pela mão, qual menina, passeamos nesta imensa planura, como crianças em idade da inocência. Inalo o perfume desta brisa fresca, suave gosto silvestre que me adocica os lábios, como se teus lábios provasse. Ofereço-te uma flor, simples e singela como a nossa própria natureza.

Nesta bruma descortino o teu olhar, que fixamente me observa, como se nunca me tivesse visto, ou, quem sabe nesse teu jeito analítico, queira adivinhar-me o pensamento, meu próximo movimento. Não receio, porque a minha alma é de cristal e não se esconde detrás de nenhum corpo, não usa nenhum artifício, apenas se limita a brilhar, para que sempre que precises de mim, me possas encontrar.




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