A POESIA HIBERNA

Data 19/05/2006 20:50:00 | Tópico: Poemas -> Amor

Deixa mudar a lua
Cair a chuva
Soprar o vento
Vir as flores
Que a poesia hiberne
Que as folhas caem
Que os dias nublem
Que venha o inverno
E tudo se cale
Que o cadáver desça
E tudo seja lápide
Que os céus desabem
E o resto se mude

Que o pano caia
O público saia
A casa fique vazia
Nenhum burburinho
No quintal
Na sala
As crianças durmam
Os velhos chorem
Que as borboletas lagartem
Nos casulos

A neblina que caia
A inundação que tome
Que a vida se lave
Se neve
Que haja saída
Que o novo depois raie
E o horizonte se aclare
Na hora certa
No tempo medido
Que se salvem os feridos
Que o arreio se parta
E quem sabe
A poesia retorne
Que retome a jornada
Que as flores abram-se
Os perdões brotem
As mágoas cessem
E tudo se ache


<br />





Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=681