
Sangria
Data 02/02/2009 12:27:51 | Tópico: Poemas -> Sombrios
| Cada gota guardava A satisfação fúnebre do último ato, Do ápice poético da minha teatral Rotina de sobrevivência.
Cada gota limpava as marcas sujas E malevolamente prazerosas Das minhas egoístas sensações. Levava de mim As lembranças mesquinhas Da minha bondade dissimulada.
Lentamente eu via meu pulso A expulsar o meu espírito da carne. Tomado de júbilo Presenciava o fim das dores Naquele rio vermelho que inundava o piso.
Meu corpo gritava incessantemente Ao meu espírito: Volta! E a Razão sufocava os espasmos deste louco Falando sussurrante: “Este é o curso, não há saída Todos sabem disso.”
Neste momento o rio virou mar E eu não continha mais a repugna Daquele sóbrio ato.
Presenciava a mão que apunhalava Naquela nobre sentença de salvação - Cristo deu a vida por todos E eu o faria por mim mesmo.
Já atingi a minha cota de desilusões, O aprendizado dessa existência. Não nasci para o torpe Mas fui aviltado por ele. Sem escolha, Preso ao meu estúpido “livre-arbítrio”, Escolhi a saída mais simples - Não errar mais.
|
|